sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Busscar: Sua história, trajetória e triste fim.

Essa marca deixou uma marca na história do ônibus.

Olá pessoal

Como sabemos, sexta é o dia de contar uma história e hoje venho mostrar a história da Busscar, que infelizmente, ontem dia 27/09 foi decretado falência e o PARADA SOLICITADA foi um dos primeiros canais, blogs, sites a divulgar a triste notícia. E como uma forma de homenagem a uma encarroçadora que tinha qualidade, durabilidade e design atrativo, contaremos sua trajetória, do início até os dias atuais. (A história de hoje seria sobre uma empresa), mas excepcionalmente mudei o rumo da história mas só vi um resuminho no site da encarroçadora e o ctrl+c ctrl+v do mesmo texto no Wikipédia. A história é curta e sabemos que vai muito além disso, e seria até um insulto botar esse texto sem ir mais a fundo. Então eu, com meus conhecimentos busológicos e duas horas de pesquisa levantei textos e fotos de modelos para dar uma história legal.

A história:


Em 17 de setembro de 1946, os descendentes de suecos Augusto Bruno Nielson e Eugênio Nielson abriram uma marcenaria em Joinville. Faziam móveis, esquadrias, balcões de madeira. Um ano depois, a Nielson & Irmão reformava a primeira carroceria de ônibus. Pouco depois, em 1949, eles montaram uma jardineira com estrutura totalmente de madeira, sobre um chassi Chevrolet Gigante. Era a semente de um negócio que em poucas décadas se transformaria em um importante fabricantes de ônibus no mercado mundial.
Fábrica em 1946 (Foto: Acervo Busscar)

Com a entrada de Harold Nielson (filho mais velho de Augusto) em 1956, a empresa tomou novos rumos e caminhou a passos largos na vanguarda do segmento no Brasil, destacando-se com produtos inovadores e revolucionários como os modelos Diplomata em 1961, o Urbanuss em 1987 e o Panorâmico DD em 1998 entre muitos outros.
Casa do Sr. Augusto Bruno Nielson, em 1968 (Foto: Acervo Busscar)

Em 1990 a chamada Carrocerias Nielson lança uma nova família de rodoviários e troca a marca para BUSSCAR ÔNIBUS dando início a marca que hoje é conhecida no mercado Brasileiro e Internacional.
Antiga fábrica de ônibus, em 1968 (Foto: Acervo Busscar)

Mesmo com o falecimento de Harold Nielson no final de 1998 a empresa não perdeu suas características de destaque que sempre foram o design, conforto, durabilidade e resistência de seus produtos.
Terreno da nova fábrica, já em construção, em 1978 (Foto: Acervo Busscar)

Em 1999 a Busscar ingressou no mercado de micro-ônibus com o modelo Micruss  e inovou no mercado de urbano com o Urbanuss Pluss que tornou-se referência.
Fábrica em produção em 1979 (Foto: Acervo Busscar)

Em 2001 lançou a nova família dos rodoviários , VisstaBuss e Jumbuss , 2002 o Urbanuss Pluss Tour, o primeiro ônibus de dois andares para turismo na América Latina , 2003 o primeiro Midi Ônibus com motor traseiro no Brasil chamado  Miduss , dentre outros destaques de inovação e pioneirismo.
Fabrica atual (Foto: Acervo Busscar)

A Busscar Ônibus S.A. sempre desenvolveu tecnologia própria na concepção e fabricação de soluções para oferecer o máximo em conforto, segurança e comodidade em todos os segmentos do transporte coletivo de passageiros. Com uma visão de longo prazo no desenvolvimento das soluções para transporte coletivo de passageiros a BUSSCAR tornou-se a única fabricante brasileira que tem tecnologia e fabrica ônibus integrais.

O complexo industrial da empresa abrangem (em Joinville ) uma área total de 1.000.000m2, com 84.000m2 de área construída.

Empresas coligadas da Busscar atuam no ramo da industria automotiva. A TECNOFIBRAS atua no setor de plásticos e desenvolveu tecnologia própria durante seus mais de 25 anos de atuação no mercado. A CLIMABUSS especializada na   produção de ar condicionado para ônibus iniciou suas atividades em 2002 e vem conquistando seu espaço no mercado à passos largos fortalecendo a sua marca.

O espírito empreendedor da Busscar continua todos os dias, voltado à satisfação dos clientes e principalmente à frente do seu tempo, como uma empresa genuinamente brasileira, que sempre está olhando para o futuro, e cada vez mais trabalhando para construir e fortalecer a marca BUSSCAR conhecida como “A marca do ônibus”.

Bem esta é a história, mas e seus protagonistas que fizeram esta história?

Diplomata: Modelo criado no final da Década de 70, já com a produção da nova fábrica, em Joinville-SC criado nas Versões 310, 330, 340 e 360 (Considere esses números, a altura em cm)


Primeiro Diplomata

Sua primeira geração, possuía os faróis verticais, na parte da frente, junto com a grade dianteira do veículo, lembrando o caminhão MB 1113, suas janelas eram inclinadas, como muitos ônibus de antigamente, sua traseira era vistosa e tinha grandes lanternas vermelhas e quadradas, mas em relação a concorrência tinha o design mais inovador da época

Já posteriormente, na década de 80, houve uma reestilização, onde os faróis, na dianteira passaram para o parachoque e era triplo, embora houve versões básicas que tinha a configuração da frente antiga

Curiosidades:


O HD de antigamente.

O Diplomata na disputa com Marcopolo Paradiso chegou como 2ª encarroçadora a disponibilizar ônibus com Deck mais alto e poltronas avançadas a nível acima do motorista


Rodoviário articulado? E teve esse?
Caramba, teve mesmo!

Houve outra disputa com a Marcopolo, na qual houve novamente a síndrome de Barrichelo (Agora perdeu feio para o Marcopolo III), que foi o lançamento do ônibus rodoviário articulado, em caráter de testes, embora não vingaram no mercado. A Catarinense possuía dois diplomatas, chassis VOLVO B58 articulados, Nº 8112 e 8113, e na Garcia havia Diplomata articulado no chassi SCANIA B-111 Nº 7981

El Buss / Jum Buss / Vissta Buss: Em 1990, o lançamento da marca Busscar, acompanhado por uma nova linha de ônibus rodoviários, colocou fim à era Nielson, marca anterior da fábrica catarinense de carrocerias, responsável pelo sucesso de vendas dos modelos rodoviários Diplomata e do urbano Urbanus.


El Buss 340, no Chile


O lançamento dos ônibus rodoviários da linha El Buss/Jum Buss buscou ocupar o lugar da deixado pelo modelo antecessor, o Diplomata, e também marcou a transição entre a antiga razão social da fabricante, Carrocerias Nielson S.A., para a nova marca que foi e ainda é presença constante nas ruas do Brasil e do exterior: Busscar Ônibus S.A.


Tabela para orientação
Modelo 1998 (Esse "Panorâmico" escrito é uma gambiarra, é um JUM BUSS 400)

Linha que aos poucos recebeu atualizações  mas a grande inovação foi feita no ano 2000, um "remold" total, no qual era praticamente um novo carro, ganhando fôlego para enfrentar a então lançada, família G6 da Marcopolo, o Comil Campione que timidamente entrava no mercado


Vissta Buss HI

Curiosidade: Muitos proprietários, para ter uma aparência mais moderna dos veículos e enrolar o povo como se tivesse arrumado ônibus novo, adaptam a carroceria, trocando algumas peças e aquela conhecida troca de estofado da bancada, e assim, fazem modelos mais antigos se tornarem com a mesma aparência de modelos mais recentes. Alguns ficam bem feitos, já outros se nota a gambiarra.


Vish!

Elegance: Nova linha, lançada em 2007 nos moldes do Jum Buss, com diferenciais como Janela lateral dianteira com caimento inclinado, dianteira remodelada e iluminação em LED


Elegance 360. Uma elegância e tanto...

Panorâmico DD: Esse revolucionou muito, em 1999 embora já houvesse o Paradiso DD 1800 (Ainda na versão GV), aliado ao bom design adotado na nova linha URBANUS unindo tecnologia, design e extremo conforto, a Auto Viação Progresso, do grupo João Tude de Melo foi uma das empresas que comprou em larga escala.


 
Panorâmico DD 1ª Versão

Em 2009 é feito uma reestilização usando o Elegance como base, pena que a crise já era evidente, o que não permitiu ter maior destaque no novo DD no mercado.


Panorâmico DD 2ª Geração

Miduss: Nesse micrão foi uma tentativa de lançar num mercado específico, mas a crise atrapalhou tudo, assim como o Interbuss.


Miduss

Urbanus: Essa história vale a pena lembrar. É um modelo com um bom legado

Anuncio da época, promovendo os chassis da Scania e carroceria Busscar (Mas nunca vi combinação tão perfeita)

1ª Versão: Em 1987, surgiu a primeira carroceria urbana fabricada pela Nielson. O nome já dizia tudo, Portas eram de duas folhar e cada lado ia separado para dentro do ônibus (como no Caio Amélia), fazendo com que as alças de apoio para o embarque ficasse do lado externo, sua iluminação interna era exclusiva em lampadas fluorescentes (A concorrência ainda fornecia opção de lampadas incandescentes, embora já era item defasado na época)


Urbanus 87

2ª Versão: Em 1989, com a mudança da empresa para o nome atual, Busscar, a carroceria sofre algumas alterações, como nos para-choques, que passaram a conter grades em algumas versões, e nos faróis, lanternas (Mais envolventes, diferente da antiga lanterna, que lembrava a da Kombi) e no pisca que passa para a linha dos faróis. Frisos e aprofundamentos na parte superior ao vidro traseiro (Que tinha o nome URBANUS em relevo) e na região da placa e lanternas. Outra novidade era a luz de embarque, situada no teto, que acendia caso uma das portas fosse aberta e de um novo modo: A porta abria de modo sanfonado, uma porta puxava a outra, sendo que no modelo 1993 elas passaram a abrir de maneira contrapostas para dentro, como as demais, até hoje.


Urbanus 92 (Ainda é 2ª versão)

3ª Versão: Uma grande reestilização é feita em 1994, mas mantendo as formas e identificação do modelo, como moldura de caixa de roda, portas, lanternas do modelo anterior. Nova frente, traseira, agora os faróis são quadrados, na traseira é instalado Brake-Light, novo interior, e lançado cadeiras de plástico, entrando no lugar das de Fibra de vidro, na configuração básica, a janela do motorista é ampla e tem uma parte superior em vidro preto, contendo o nome do modelo (Tendência aplicada por outras encarroçadoras), 


3ª Versão, lançada em 94, mas tinha detalhes que lembrava o modelo anterior

No ano seguinte uma modificação nos parachoques (passam a ser estufados com vincos) e na parte do itinerário passa a ser de vidro colado com a luz superior de sinalização incorporada e a tampa da grade é nova. Em 1997 surge uma versão sem o vidro traseiro e um curioso friso aprofundado na traseira, lembrando os modelos rodoviários e na dianteira o parachoque passa a ter grade.


Urbanus 95

Curiosidade: Antes mesmo da linha Urbanuss e Urbanuss Pluss, Havia uma versão luxuosa do Urbanus, a SS, tinha como diferencial a dianteira inclinada e vidros de vigia nas laterais e dianteira menor.


Pluss??? Não, não. Sou o Urbanus SS

Urbanuss: Em 1998 é lançada a nova fase do Urbanus, totalmente reestilizado, nada que lembre o modelo anterior, tudo é novo. Seu design baste ousado na época chama extrema atenção com formas em curvas e aprofundamentos e vincos, um grande marco na ocasião do lançamento do urbanuss foi a introdução dos balaustres com cores, conforme o pedido da empresa cliente, embora algumas empresas optaram pelo antigo balaustre de inox sem pintura. Em 2006 ganha parachoques com grade e moldura da caixa de roda sem borrachão, mas no mesmo ano, a produção encerra para dar espaço para o Urbanuss Ecoss.


Tudo novo!!!

Nova geração: Em 2010 é mostrado um teaser sobre o novo Urbanuss, a idéia fica na gaveta, devido a crise, em 2012 almejando volta ao mercado a Busscar apresenta o novo modelo, com novo design e portas rente a lateral, mas... Não deu. Em 2008 Foi apresentado um modelo que tinha como foco principal ser o novo Urbanuss, mas lembrava tanto o Ecoss que ficou como Ecoss II, mas o design da traseira dele se estenderia a toda linha urbana da Busscar.


Tinha tudo para dar certo. Lindo e perfeito.

Pluss: Em 1999 surge a versão Urbanuss Pluss, para brigar com recém lançado Marcopolo Viale. O Pluss nada mais é que um Urbanuss com uma dianteira diferente, como formato bonito e aerodinâmico, com para brisa inclinado e vigias nas laterais, além da janela do motorista diferenciada e os parachoques em peça inteiriça e mais arrendodado, detalhe esse o único que diferencia um Urbanuss de um Urbnauss Pluss se visto de traseira. 



Era só uma frente diferente, mas fazia um belo diferencial...

Em 2009 foi apresentada a versão reestilizada (Alguns foram para INFRAERO de primeira mão), mas apenas com piso baixo, depois surge o novo Pluss com motor dianteiro, mas só para exportação, com a vontade de se reerguer em 2012 é apresentado junto com o Urbanuss, embora fosse tarde demais...


E num é que ficou mais bonito ainda?
Só pegando avião pra andar num desses.
Versão de motor dianteiro, a Busscar mostrando que dá show de design e que fará muita falta, só lamento.

Ecoss: Lançado como 2006 com a proposta ser o modelo de entrada da linha Urbanuss (Nem Brake Light tinha), dono um design de gosto horroroso duvidoso, e tinha novo estilo de painel superior (onde fica caixa de fusíveis, mecanismo de itinerário) no interior e foi adotado por alguns Pluss de 2008. 


Urbanuss Ecass Ecoss

Em 2008 foi reestilizado, usando o que seria projeto de um novo Urbanuss.


Ecoss Reestilizado, agora bonito, com brake-light e a traseira única, presente em todos os urbanos da Busscar

Micruss / Mini Micruss: Microônibus criado no ano 2000 com um design de Pluss para conquistar esse tipo de mercado, juntamente com o Mini-Micruss, menor ainda para brigar com os Comil Bello, Volare da vida.


Micruss atual
Micruss Antigo
Mini Micruss

Bem pessoal contei a história e inseri os protagonistas dela, espero que tenham gostado.

EM TEMPO: Valeu pessoal pelo apoio, 15 dias e 1000 visualizações do blog.

7 comentários:

Anônimo disse...

Faltou pulso firme do juiz antes de dar essa canetada. Tinha que colocar um interventor na empresa a bastante tempo para ver se conseguia reverter as cagadas do Cláudio Nielson antes que o balde de merda caísse inteiro no ventilador.

Busão de Natal disse...

Infelzimente perdemos uma grande empresa de encarroçadora de ônibus que fez história no país.

Realmente, acho que as empresas estão mais de doida com seus DDs pois sem Busscar quem vai fdazer as peças desses veículos?

Parabéns pela a bela matéria.

Anônimo disse...

Mais uma empresa falida por incompetência dos herdeiros do fundador. O ideal era que fosse bem mais difícil a direção passar de pai pra filho.

Anônimo disse...

Passar o controle acionário de pai para filho é uma questão de lógica, mas o problema é quando os herdeiros não tem a experiência necessária para lidar com a administração. Vá lá, para uma empresa grande como a Busscar não seria difícil terem contratado um CEO para carregar a empresa nas costas, e não precisaria nem ser formado em Administração de Empresas, poderia ser um contabilista ou mesmo um advogado. É bem mais lógico que esperar falir para o juiz nomear um advogado como síndico da massa falida.

Anônimo disse...

A esperança é que os sócios colombianos, que tem o controle acionário da Busscar colombiana que não está falida, comprem os ativos da empresa e sigam a produção, já que já estão acostumados com o modelo de produção da Busscar.

Oscar Valenzuela disse...

Si ayer fue Busscar una transnacional brasileña, ahora sólo el capital colombiano puede salvarla del olvido.

Brasil rodoviário disse...

A Nielson e posteriormente a Busscar foram, sem dúvidas, o expoente máximo de designer de ônibus rodoviário!