sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
José Moacyr Teixeira - Uma Trajetória de sucesso
José Moacyr Teixeira poderia ser apenas mais um nome registrado em um cartório do Rio Grande do Sul. Porém, para algumas pessoas não basta nascer e crescer. É preciso empreender e vencer. Hoje, às vésperas de se completarem 60 anos desde que ele se iniciou no segmento de transporte de passageiros, José Moacyr Teixeira tornou-se uma referência nesse tipo de atividade em seu Estado. É respeitado e admirado por todos os que têm a oportunidade de conhecê-lo e de conhecer sua história. A história de um homem que ousou desafiar o futuro e se dedicou, junto com sua esposa, Dona Helga, à construção de uma das mais importantes empresas de transporte de passageiros do Sul brasileiro: a Planalto Transportes Ltda.
Primeiros esboços
Sua primeira atividade empresarial foi uma olaria, em 1938. Em 1942, junto com Dona Norma Helga Teixeira, passou a trabalhar com o comércio de secos e molhados. Em agosto de 1944, em plena Segunda Guerra Mundial, e apesar das dificuldades para obter combustível, comprou um ônibus e iniciou-se no ramo de transportes. Tinha 30 anos de idade. Apesar do único veículo, a empresa operava duas linhas, em estradas precárias, mas sempre zelando pela pontualidade: Vila Jóia-Tupanciretã e Vila Jóia-Santo Ângelo, na região das Missões, no Rio Grande do Sul. Foram quase três anos de muito trabalho, porém, somente o transporte de passageiros não era suficiente. Assim, José Moacyr Teixeira procurou agregar outras atividades: transportava encomendas, comprava e vendia produtos e fazia serviços de despachante. Ao fim desse tempo, as atividades foram interrompidas, mas não por muito tempo. Em novembro de 1948, José Moacyr Teixeira criou a Empresa Rodoviária e voltou à estrada. Depois de algum tempo, em busca de novas oportunidades, vendeu a empresa e comprou um caminhão, com o qual trabalhou por mais de um ano.
Mas o transporte de passageiros estava em seu sangue. Por isso, não demorou muito para fundar uma nova empresa de ônibus, já então com o nome de Planalto, e que seria a Planalto Transportes Ltda. de hoje. De início, juntou-se a três sócios: Antônio Burtet, Manoel Setembrino Teixeira e Fiorello Fiorim.
Lutando para vencer
A primeira viagem da nova empresa foi realizada no dia 2 de novembro de 1948. O ônibus saiu de Santo Ângelo às 6 horas da manhã e chegou a Santa Maria dez horas depois. A linha passou o ser operada com dois ônibus, com capacidade para 25 passageiros, em freqüência diária. Mais tarde, os sócios foram se retirando da empresa, enquanto Moacyr José Teixeira perseverava.
Durante muitos anos, as condições das estradas permaneceram precárias: não havia asfalto, mas muita poeira (ou lama, quando chovia), além de muitas outras adversidades. Mas José Moacyr Teixeira não desistiu. Ao contrário, trabalhou com muita coragem e determinação. Além de administrar os negócios, dividia com os funcionários as tarefas de mecânico e motorista. E assim a Planalto ia crescendo e expandindo suas atividades.
Não foram poucos os momentos marcantes na trajetória da companhia. No fim de 1951, por exemplo, ela realizou sua primeira viagem entre a cidade de Santa Maria e a capital, Porto Alegre. A ousadia teve as características de uma verdadeira aventura. Durou 12 horas e foi necessário realizar três travessias por balsa. Principalmente em época de chuva, essa era uma linha absolutamente incerta: o percurso tanto podia ser feito todo em ônibus como parte em ônibus e parte em trem, dependendo de se poder ou não transpor de balsa os rios da região.
Colhendo os frutos
No ano seguinte, teve início a operação da linha Santa Maria-Cachoeira do Sul e foram adquiridos mais três ônibus, o que aumentou a frota para cinco veículos. E como as linhas mais importantes vinham saindo de Santa Maria, a sede da empresa, que era em Tupanciretã, foi transferida para lá em 1953. Enquanto os filhos - dez ao todo - estudavam e cresciam, José Moacyr Teixeira e Dona Helga dedicavam-se a consolidar e ampliar a empresa. Novas linhas foram acrescentadas, a Planalto ampliou seu raio de atuação, incorporou outras empresas e firmou-se definitivamente como prestadora de serviços de qualidade.
A vida da Planalto teve outros pontos altos ao longo do tempo. A aquisição da sede própria, em 1965, por exemplo. Depois da realização de uma série de obras, a empresa passou a ocupá-la em 1966.
O período compreendido entre 1965 a 1972 assinalou uma mudança no eixo principal das operações, que passou a ter origem em Porto Alegre, ligando a capital a diversas outras localidades do Estado. A ampliação das linhas e dos horários motivou a compra e incorporação de novos ônibus à frota.
Crescimento e valores
O estilo de trabalho de José Moacyr Teixeira não mudou com o crescimento de seus negócios. Foram muitos anos de atividade, geralmente sem um único dia de folga e com jornadas que iam de 16 a 20 horas. Nunca faltou ao empresário o valioso apoio da esposa e, mais tarde, dos filhos já crescidos, que cedo também se interessaram pelo negócio e, aos poucos, trabalhando ao lado do pai, foram assimilando os segredos da atividade.
As condições de operação e de mercado impunham a expansão contínua das atividades. As possibilidades de crescimento apontaram a necessidade de se adquirir outras empresas. Em 1975, foi incorporado o Expresso Panambi. Um ano depois, deu-se a aquisição da Viação Vila Branca. Mais uma vez, cresceu o número de linhas e a frota foi ampliada.
O ano de 1981 assinalou o início da operação internacional da Planalto, com a linha Uruguaiana-Paysandu, no Uruguai. Outra linha viria em seguida, ligando Santa Maria a Montevidéu, a capital uruguaia, gerando novas características operacionais. Também foi incorporada a Empresa Barin.
Passando um legado
José Moacyr Teixeira permaneceu à frente da empresa até 1989. Nesse ano, com os filhos já formados e com larga vivência do transporte rodoviário de passageiros, transferiu para eles o comando dos negócios e afastou-se das tarefas administrativas. Deixava ensinamentos preciosos e obtinha de seus sucessores a certeza de que estavam aptos e qualificados para manter a solidez e continuidade da Planalto.
Porém, longe de parar de trabalhar, passou a dedicar-se à criação de gado da raça Brangus, em um novo empreendimento, a Cabanha JMT, no município de São Gabriel, RS. E, se é verdade que a mensagem do fundador de uma empresa passa de geração para geração, com toda certeza isso aconteceu na Planalto. "Sempre tive como norma cercar-me de funcionários que assumissem a linha de conduta da empresa. Formamos, assim, equipes de verdadeiros colaboradores, dando a eles oportunidade de crescimento e realização", lembra José Moacyr Teixeira, que sempre se orgulhou disso. Aos filhos, transmitiu o amor pela empresa e a dedicação ao trabalho.
Desenvolvimento que prevalece
Hoje, ainda com o eventual aconselhamento do fundador, embora afastado do dia-a-dia dos negócios, a Planalto diversificou-se, ampliou seus rumos e tornou a sua estrutura administrativa cada vez mais moderna. A centralização dos diversos setores em um único espaço - a nova sede, em Santa Maria - objetiva aumentar a eficiência da empresa, com ganhos para a qualidade dos serviços. A manutenção de um canal de dados e voz entre a Embratel e a Planalto, interligando todas as garagens e otimizando custos de comunicação e transferência de dados se encaixa nesse mesmo objetivo.
Dispositivos instalados em cada ônibus da frota acumulam informações como desempenho e quilometragem rodada. Esses dados são transferidos, ao fim de cada viagem, para cartões de dados. Inseridos na rede de computação, vão depois alimentar os departamentos com todas as informações necessárias para o melhor gerenciamento e manutenção da frota.
Foi mantida a política de incorporações, comprando-se a Expresso ABC e estabelecendo-se novas linhas, entre elas a Porto Alegre-Quaraí, Porto Alegre-São Gabriel, Porto Alegre-Rosário do Sul e Porto Alegre-São Francisco de Assis.
Em 1996, foi adquirida a Expresso Albatroz, com as linhas Caxias do Sul-Santa Cruz, Santa Cruz-Estrela e Estrela-Garibaldi. Três anos depois deu-se a incorporação da Expresso Princesa, com as linhas Porto Alegre-Rio Grande e Porto Alegre-Chui-Pelotas-Bagé. Além do transporte de passageiros, a companhia deu ênfase ao transporte de encomendas, com frota própria e com veículos terceirizados.
Dias atuais
Atualmente, a frota é de 245 ônibus, que operam 76 linhas intermunicipais, duas linhas interestaduais e três internacionais. A Planalto emprega 351 motoristas, 14 comissárias de embarque e 65 cobradores de passagens. São atendidas 829 localidades com entrega de mercadorias. A frota para coleta e entrega de encomendas é de 250 caminhões próprios ou terceirizados. No total, são 1.000 funcionários. O grupo detém o controle acionário de várias outras empresas: Veisa Veículos, concessionárias Mercedes-Benz, Michelin e Recamic, Planalto Turismo e estações rodoviárias de Rio Grande, Alegrete, São Borja e Uruguaiana.
Para administrar esse complexo de empresas foi criada a holding JMT Administração e Participações Ltda.
Fonte: Os Pioneiros – Encarte especial da revista ABRATI Nº 35
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