sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Arthur Schwambach - Da adversidade ao sucesso
Olá pessoal,
Hoje vamos contar a história do empresário Arthur Schwambach (o "ch" do final tem pronúncia muda) e sua trajetória com a Borborema, situada em Recife-PE
Aprendendo com dificuldades
A pobreza e a condição de órfão de pai aos 14 anos de idade não impediram um jovem capixaba de fazer planos para o futuro. Aprendeu no Exército o ofício de mecânico e depois lançou-se à tarefa de erguer uma empresa de ônibus cujo primeiro veículo funcionava com peças compradas no ferro-velho. Com esse ônibus e toda a sua energia, Arthur Schwambach construiu o Grupo Borborema.
Arthur Bruno Schwombach é um dos maiores empresários do ramo de transportes do Nordeste e do Brasil. Mas é, sobretudo, um pioneiro do setor. Além de gerir todas as empresas do Grupo Borborema, como seu titular e presidente, exerceu a função de conselheiro de diversos órgãos de classe, inclusive da Rodonal, associação que antecedeu a ABRATI como representante nacional das empresas que operam linhas federais. Como líder de classe, Arthur Schwambach desempenhou a função de presidente do Setrans -Sindicato de Empresas de Transportes Coletivos do Estado de Pernambuco.
Com 83 anos de idade, continua a acompanhar de perto o funcionamento de suas empresas, comparecendo diariamente à sede do Grupo, em Boa Viagem, despachando com diretores, atendendo funcionários, vendedores e autoridades. Com uma carga horária de oito o dez horas de trabalho por dia, é ele quem toma as decisões mais importantes dentro do Grupo Borborema. "É um desafio constante, mas que me fascina e me conquista dia após dia", explica.
Arthur Schwambach é exemplo de empresário que triunfou longe de sua terra natal. Nasceu no dia 5 de setembro de 1920, em Baixo Guandu, no Estado do Espírito Santo. Seus pais, Maria Amélia e Pedro Schwambach Júnior, eram pessoas pobres que trabalhavam na lavoura e no comércio para manter os filhos, dos quais sete eram mulheres. Aos 14 anos de idade, ficou órfão de pai e, como filho mais velho, com a responsabilidade de assumir o sustento da família. Sem tempo para o lazer e o estudo, deu continuidade às atividades agrícolas do pai desaparecido e conseguiu assegurar a manutenção dos irmãos e da mãe, que também o ajudava.
De um jovem militar, surgia o sonho da empresa
Aos 17 anos, foi convocado para servir ao Exército. Com o apoio da mãe e dos irmãos, buscou adquirir novos conhecimentos, já que na época a Arma oferecia aos recrutas cursos de mecânico de automóvel, motorista e datilógrafo. Com esses conhecimentos, Arthur pretendia conseguir um emprego estável quando desse baixa, para melhor ajudar a família.
Mas era tempo de guerra e ele foi transferido para o Rio de Janeiro e, depois, para Natal, no Rio Grande do Norte. Finalmente, mandaram-no para Recife. Aos poucos, galgou posições, passando de soldado a cabo, e de cabo a sargento. Com o soldo de militar, ajudava a família, que ficara no Espírito Santo. Estava se preparando para embarcar para a Itália, na Força de Expedicionários que lutaria na Segunda Guerra Mundial, quando o conflito terminou. Foi então transferido para Campina Grande, Paraíba.
Em 1951, Arthur pede baixa do Exército e, já com um sonho que acalentava há algum tempo, monta uma empresa de transporte de passageiros. Tinha um único ônibus e um só funcionário: ele mesmo. Dirigia de dia e, à noite, era mecânico e encarregado da limpeza do veículo. Assim nasceu a Borborema. Começava a saga de um homem apaixonado pelo transporte.
Como se comprovou mais tarde, seu sucesso dependeu fundamentalmente dele, do seu trabalho, do esforço individual apoiado pela família e, principalmente, da sua visão de que somente com muita economia, reinvestindo no negócio tudo o que ganhasse, conseguiria erguer uma empresa sólida. E tinha razão.
Foi em Campina Grande, já com os conhecimentos de mecânica automotiva adquiridos no Exército, que começou a amadurecer o grande sonho de se dedicar ao setor de transportes de passageiros. Com isso, esperava ajudar a mãe a criar os irmãos com mais conforto e com mais tranqüilidade. Foi também em Campina Grande que escolheu o nome para a empresa que pretendia montar. Havia na cidade uma companhia chamada Rainha da Borborema. Requereu o uso do nome (Borborema, apenas) para Recife, o que foi concedido.
Tudo começou com um ônibus apenas e em um local de difícil acesso
Schwambach entrou de corpo e alma na atividade. Com apenas um ônibus, construído sobre o chassi de um caminhão Chevrolet 1946, passou a operar a linha urbana que ligava o Centro ao bairro de Nova Descoberta, na capital pernambucana. As peças e componentes necessários para manter o veículo rodando eram compradas no ferro-velho e recondicionadas por ele. Para tornar as coisas ainda mais difíceis, as ruas eram cheias de buracos e lama. O velho ônibus tinha que vencer todos esses obstáculos e ainda disputar espaço com carroças e carros-de-boi.
O dinheiro que ia sendo conseguido era aplicado parte nas terras deixadas pelo pai, no Espírito Santo, e parte na expansão do novo negócio. Lazer era coisa proibida. Pensava somente em vencer e em ajudar a família. Nada era desperdiçado. Para ele, comprava somente o indispensável, aquilo que não podia ser adiado.
Poupando e vencendo obstáculos
Schwambach relembra que sempre contou com o apoio incondicional da mulher, Augusta, a quem conhecera no Rio Grande do Norte, e dos filhos Pedro, Maurício e Zélia, ainda pequenos. Todos ajudavam na contenção das despesas. Graças a tanto esforço, o dinheiro, mesmo sendo pouco, foi suficiente para ele conseguir em pouco tempo uma pequena frota de ônibus.
O apoio dos funcionários que iam sendo contratados também foi fundamental. E assim, dia após dia, noite após noite, as dificuldades foram sendo superadas. Com o passar dos anos, a empresa cresceu, tornou-se conhecida e ganhou destaque pela qualidade dos seus serviços. Novas frentes de negócios foram abertas e novas empresas passaram a fazer parte do Grupo Borborema.
Inovando e colhendo os frutos
Dotado de espírito empreendedor e sempre buscando novidades para apresentar aos usuários dos seus ônibus, Arthur Schwambach lançou ônibus com ar-condicionado em linhas urbanas. Fez isso em Recife, mais de 15 anos atrás. A novidade se espalhou por outras capitais.
Toda a família, já na terceira geração, trabalha na empresa, nos seus vários ramos de atividades. Os filhos, Pedro, Carlos Alberto e Maurício, desde cedo foram treinados pelo pai nos diversos setores, para que pudessem aprender toda a operação. As filhas, Zélia, Tânia e Graça, também sempre colaboraram com o pai e desempenham funções definidas. Já há vários netos trabalhando. Alguns gerenciam outros ramos de negócio, como revenda de veículos e agropecuária.
Integram o Grupo Borborema a Real Alagoas de Viação, Viação Jangadeiros, Real Transportes Urbanos, Borborema-lmperial Transportes, Borborema Participações e Rodoviária Borborema. As empresas de ônibus operam 181 linhas, entre urbanas, intermunicipais e interestaduais, nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia, dispondo de cerca de 900 ônibus e 4.000 funcionários diretos em Pernambuco e 1.000 funcionários em Alagoas, entre motoristas, cobradores, pessoal de tráfego, oficinas e administração.
Fonte: Encarte Especial da Revista ABRATI de 2003 – Os Pioneiros
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3 comentários:
Essa história do ônibus montado com peças de desmanche me lembra o início da trajetória do industrial espanhol Eduardo Barreiros, o mesmo que levou a Chrysler para a Espanha, mas que começou a vida profissional na empresa de ônibus que o pai dele tinha fundado em Orense.
Exemplo de perseverança, visão de empreendedor, e certo de buscar e alcançar seus objetivos! Me orgulho de ser humano, linda sua história eu me imspiro em sua força de vontade, parabéns Arthur Bruno Schwombach, Deus o tenha em um bom lugar.
Trabalhei ai nessa merda
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