Jelson da Costa Antunes: Soube fazer um grande diferencial |
Olá pessoal,
Hoje irei contar para vocês a história do Jelson da Costa Antunes... Vocês não sabem que é ele, ah, mas o nome JCA já vem a memória né? Cometa, 1001, Catarinense... Então vamos mostrar toda a trajetória deste homem visionário, que teve um sonho e o transformou em realidade.
O começo
Jelson da Costa Antunes, na juventude ao lado de um de seus primeiros ônibus: Ousadia começava ali |
Jelson da Costa Antunes nasceu em 1927 em Itaboraí, Estado do Rio de Janeiro, e com apenas 8 anos de idade começou a trabalhar em um armazém que pertencia ao seu pai. Aos 11 anos, tornou-se cobrador de ônibus
Ele sempre foi um sonhador, e sempre teve a coragem e a ousadia de buscar que seus sonhos se realizassem. Tinha apenas 19 anos quando, em 1946, na cidade de Niterói, depois de desempenhar várias funções na pequena Viação Cabuçu - de aprendiz de eletricista a cobrador, de motorista a gerente -, decidiu que já tinha suficiente experiência para comprar seu primeiro ônibus, em sociedade com um irmão. Devidamente reformado pelo próprio Jelson, o veículo foi agregado à frota da Viação Niterói. Ele era o chofer e o mecânico.
Ousando e ampliando
A sociedade com o irmão foi desfeita em 1949, mas o mecânico-motorista tornar-se-ia ainda mais indispensável depois que se transferiu para Macaé e comprou uma empresa de um único ônibus - desta vez só dele -a Viação Líder. Com esse veículo, tornou-se concessionário da linha entre Macaé e Quissamã, no interior do Estado do Rio. Dirigia com a caixa de ferramentas sempre do lado, já que era preciso resolver prontamente os problemas mecânicos. Em pouco mais de seis meses, comprou no ferro velho um segundo veículo, reformou-o também e passou a operar a linha Macaé - Tapera. Vieram a seguir o terceiro e o quarto ônibus, até que ele decidiu vender a primeira empresa e comprar exatamente aquela da qual havia sido agregado: a Viação Niterói, naquela altura com uma frota de 12 ônibus. Algum tempo depois, interessou-se por um novo tipo de negócio e passou a montar cooperativas de transporte rodoviário.
Cada vez maior a empresa ficava e mais carros eram adquiridos, daí começou a expansão com criação e compra de outras empresas |
Com o dinheiro ganho, fundou no município de São Gonçalo (RJ) a Viação São José, que se tornou a maior empresa do Estado do Rio de Janeiro. Com sua visão de negócio, Jelson Antunes sentiu que o melhor caminho para crescer, naquele início de década, era a incorporação de novas empresas. E assim, foram sucessivamente adquiridas a Expresso Rio Bonito, a Expresso Itaboraí, a Transportadora Ivani, e fundada a Viação São Paulo - Niterói, em 1963. Por último, em 1968, foi comprada a Auto Viação 1001, na época a terceira maior empresa do Estado do Rio.
Quando ficou difícil administrar isoladamente cada uma das empresas, Jelson Antunes optou pela fusão de todas elas na sociedade anônima Auto Viação 1001. Gradativamente, a empresa foi alcançando projeção nacional. Direção inversa à da fusão seria adotada anos mais tarde, por ocasião de duas novas e importantes aquisições: a da Rápido Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e a da Auto Viação Catarinense, em Santa Catarina. Ambos mantiveram seus nomes e continuaram operando como companhias independentes, embora comandadas pela holding JCA.
Um "quê" de busólogo e o exemplo a se espelhar
Lá pelos idos de 1960, sempre que tinha de ir a São Paulo, Jelson Antunes gostava de desfrutar um prazer: viajar num ônibus
Morubixaba, o famoso GMC da Viação Cometa (É, pessoal... Sr. Jelson curtia dar um rolê de ônibus como nós, busólogos). Essa admiração pelo veículo e pelo fundador da empresa, Tito Moscioli, sempre fez parte das boas lembranças do empresário. "Já naquele tempo eu acalentava o sonho de um dia oferecer um serviço com aquela qualidade, em um tipo de ônibus igualmente moderno e confortável", relembra.
Double Decker da 1001: Sonho Realizado |
Quem diria: Um dia apreciava as viagens num Cometa, bem mais a frente adquiria esta empresa. |
O que talvez poucos imaginavam é que Jelson Antunes iria ainda mais longe na sua admiração pela concorrente. No início de 2002, durante uma reunião do Conselho de Administração da 1001, ele comunicou: "Estou comprando a Viação Cometa". As negociações haviam começado no sei fim de 2001, depois que Felipe Brandi Mascioli, o presidente da empresa, vendeu suas ações para o sócio Arthur Brandi Mascioli. Este último chegou a um acordo com a JCA, que, assim, se tornou controladora de uma empresa com 700 ônibus e 52 linhas operadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Com a aquisição, o Grupo 1001 passou a ter mais de 1.700 ônibus e, de quebra, assumiu a condição de maior frotista Scania do mundo. Imediatamente, Jelson Antunes passou a introduzir conceitos que já haviam provado a sua validade na 1001, na Catarinense e na Rápido Ribeirão Preto. O principal deles, o de serviço diferenciado, tanto no atendimento como na própria operação de transporte. Foi assim que as empresas do grupo conseguiram, segundo Jelson Antunes, manter os mesmos níveis de ocupação de assentos dos anos 90, apesar da guerra tarifária movida contra os ônibus pelo transporte aéreo "Acredito que as pequenas coisas façam uma grande diferença", explica Jelson Antunes. "Em períodos de concorrência acirrada, pelos quais sempre passamos, os detalhes são multo importantes”.
Catarinense e Rápido Ribeirão Preto: Outras empresas do grupo JCA |
Um dos grandes orgulhos de Jelson da Costa Antunes é o fato de que, das quatro empresas do Grupo 1001, três já ultrapassaram a marca, dos 50 anos de operação. A Auto Viação Catarinense está registrada como a mais antiga empresa de transporte rodoviário de passageiros do Brasil. Tendo sida adquirida pelo Grupo 1001 em 1995, ela já chegou aos 74 anos de atividade. Opera atualmente 115 linhas. A 1001 foi fundada em 1948 por José Evangelista Cortez, e comprada por Jelson Antunes em 1968. Dois anos depois, ele fundiu todas as suas empresas em uma S/A sob a razão social de Auto Viação 1001. É responsável pela operação de 140 linhas. A Rápido Ribeirão Preto opera desde maio de 1968 - portanto, há 35 anos - em uma das regiões mais desenvolvidas do Estado de São Paulo. Atende apenas duas linhas, mas extremamente importantes.
Compra da Cometa
Em 2002, a compra da Cometa pelo grupo JCA foi um grande marco |
Quanto à Viação Cometa, Jelson Antunes, quando ainda era um pequeno empresário, sempre fazia questão de viajar nos ônibus dessa empresa quando precisava ir ou voltar de São Paulo. Um de seus sonhos era justamente o de, algum dia, ter uma igual. Conseguiu até mais de uma, mas não hesitou em comprar a própria Cometa quando surgiu a oportunidade. A origem da empresa remonta ao fim da década de 30. Em 1937, quando a cidade de São Paulo ainda não tinha sequer um milhão de habitantes, um grupo de empresários locais lançou um loteamento no longínquo bairro do Jabaquara. Como era de acesso difícil, e a fim de estimular os possíveis interessados nos terrenos, montou uma linha de ônibus ligando o bairro ao centro da cidade. Denominada Auto Viação Jabaquara, ela operou inicialmente com seis carros, a partir de 1938, mas alcançou grande desenvolvimento, até ser encampada pela Prefeitura paulistana. Em 1947, alguns dos sócios da antiga empresa adquiriram a Viação São Paulo-Santos e mudaram seu nome para Viação Cometa S.A. A empresa alcançou grande crescimento, especialmente depois da inauguração da Via Dutra, em 1951, quando passou a operar sua linha mais importante, a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Ao comprar a Cometa, Jelson da Costa Antunes concluiu um ciclo de aspirações empresariais e passou a comandar um dos maiores complexos de transporte rodoviário de passageiros do país.
Jelson da Costa Antunes ao lado de um Paradiso GV da 1001 |
Somados os números da 1001, Catarinense, Cometa e Rápido Ribeirão Preto, chega-se a uma frota de aproximadamente 1.700 ônibus, mais de 160 milhões de quilômetros rodados por ano, mais de 300 linhas atendidas, cerca de 500 pontos de venda, mais de oito mil funcionários e quase 30 milhões de passageiros transportados anualmente. O Grupo JCA dedica-se ainda a outros negócios, como transporte aquaviário, táxi aéreo, imobiliário, turismo e agropecuária.
Triste fim de um grande visionário
Às 20h00 do dia 31 de julho de 2006, dez anos após a morte do Major Tito (ex-proprietário da Viação Cometa), Jelson da Costa Antunes
faleceu no Hospital Santa Cruz, em Niterói. Aos 78 anos, Jelson foi vítima de um acidente automobilístico acontecido no dia 30/07 na rodovia Niterói-Manilha (BR101). O automóvel em que estava, um Mercedes Benz 500, derrapou e saiu da pista na altura do Km 293.
O próprio Jelson da Costa Antunes dirigia seu carro, e o airbag de sua Mercedes-Benz não abriu porque ele não estava usando cinto de segurança. Após socorrido e medicado em Itaboraí, teve alta, deixando a cidade com 2 braços fraturados e engessados. No dia 31, o empresário voltou a sentir dores e foi internado no Hospital Santa Cruz, Niterói, sendo submetido a uma cirurgia. Porém, uma hemorragia interna fez com que não resistisse, falecendo então às 20h de segunda feira, 31 de julho.
Livro
Um bom livro, recomendo a leitura. |
Em 2008, foi lançado pela Prêmio Editorial LTDA, o livro "Tudo começou com meio ônibus", onde relata toda a trajetória do grupo JCA e dedicado ao Jelson da Costa Antunes, você pode visualizar e salvar o livro em pdf, clicando aqui. Um livro muito bom, recomendo.
Instituto JCA
Foi com apoio da sua família que ele concretizou o sonho de criar o Instituto Jelson da Costa Antunes, em agosto de 2004, que apoia os jovens e os ajuda com bolsas de estudos e cursos profissionalizantes ajudando na inserção no mercado de trabalho. Jelson da Costa faleceu poucos dias antes da inauguração da sede do Instituto JCA, em 2006, considerada sua última grande obra.
Jelson da Costa Antunes sempre apresentou preocupação com os jovens e o futuro. |
Com a crença na transformação do jovem e da sua realidade por meio da educação, o Instituto desenvolve suas atividades segundo três eixos de formação: a constituição do jovem enquanto bom aluno, bom profissional e bom cidadão.
Conclusão
Todo mundo pode crescer, basta só querer: Era a visão de Jelson da Costa Antunes |
Eu sabia quem era Jelson da Costa Antunes, o JCA. Mas não quem era o Jelson, como pessoa. Durante a construção desse artigo onde pesquiso, coleto elementos chave e transmito aqui no blog, esse foi incrível e diferente onde eu tive todo prazer e dedicação ao elaborar, pude aprender muito e fiquei muito admirado com o trabalho dele, aliás, um belo trabalho e contudo, adotei um respeito maior do que eu já possuía por este homem, que era muito mais que um sonhador, um visionário, que soube agir, liderar um grande grupo, uma família, que mesmo após seu falecimento, cuida e mantém a administração do grupo com a mesma força que sempre teve. Foi um dos grandes empresários do ramo de transporte, junto com outros frotistas importantes do Brasil, como Camilo Cola e Nene Constantino. É, meus amigos. Sr. Jelson deixou um belo legado...
Espero que todos tenham gostado da história de hoje, tenahm um excelente final de semana.
Fontes: Enciclopédiabus e Instituto JCA
3 comentários:
Simplesmente linda história.
E, mesmo num universo onde as empresas de ônibus são imensas, ainda tem bastantes novos Jelsons por aí...
Certamente dinheiro vindo da exploração do jogo do bicho, aí tem coisa ...
Uma vida dedicada ao trabalho e ao empreendedorismo , RIP !!!
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